CARTA PASTORAL À NAÇÃO BRASILEIRA

Para: Sociedade Brasileira

CARTA PASTORAL À NAÇÃO BRASILEIRA

Nós – pastores e pastoras, e líderes evangélicos e cristãos das mais diferentes tradições – vimos à nação brasileira, neste conturbado contexto eleitoral, marcado por polarizações, extremismos e violência, afirmar:

1) Nosso compromisso com o Evangelho do Cristo, personificado na figura de Jesus de Nazaré, que, suportando todo tipo de contradição, injustiça, humilhação e violência, legou-nos o caminho do amor, da paz e da convivência; e promoveu a dignidade humana. Sim, em Cristo, não há direita, nem esquerda, nem homem, nem mulher, nem estrangeiro, nem rico, nem pobre. Também não há distinção de classe, de cor, de nacionalidade ou de condição física, pois, nele, todos somos iguais (Fp 2.1,5-11; Jo 4; Mt 19.14; Is 53.4-7; Rm 10.12; Gl 3.23-29; Cl 3.11; Fp 2.5-8);

2) Nosso renovado compromisso de orar não só pelo futuro mas, sobretudo, pelo presente do país, incluindo seus governantes, neste momento em que o povo brasileiro é convidado a fazer suas escolhas, de tal modo que elas sejam exercidas em paz e pela paz (1Tm 2.2; Rm 13.1-7; Pv 28.9; Mt 7.7-8; Rm 8.26-27; Ef 6.18; 1Ts 5.17; 1Tm 2.1-2; Tg 5.16);

3) Nosso convite para que todos os brasileiros e brasileiras exerçam sua cidadania, escolhendo seus candidatos pelo alinhamento deles com os valores do Reino de Deus, evidenciados na defesa dos mais pobres e dos menos favorecidos, na crítica a toda forma de injustiça e violência, na denúncia das desigualdades econômicas e sociais, no acolhimento aos vulneráveis, na tolerância com o diferente, no cuidado com os encarcerados, na responsabilidade com a criação de Deus, e na promoção de ações de justiça e de paz (Dt 16.19; Sl 82.2-5; Pv 29.2; 31.,9; Is 10.1-2; Jr 22.15-17; Am 8.3-7; Gn 2.15; Rm 8.18-25; Mt 5.6; 25.34-35; Lc 6.27-31; Tg 1.27; 2.6-7);

4) Nossa indignação contra toda pretensão de haver um governo exercido em nome de Deus, bem como contra toda aspiração autoritária e antidemocrática. Afirmamos nossa firme convicção de que o nome de Deus não pode ser usado em vão, ainda mais para fins políticos. Por isso, recomendamos, enfaticamente, que se desconfie de qualquer tentativa de manipulação do nome de Deus (Ex 20.7);

5) Nosso repúdio a toda e qualquer forma de instrumentalização da religião e dos espaços sagrados para promoção de candidatos e partidarismos. Cremos num Deus grande o suficiente para não se deixar usar por formas anticristãs de pensamento e de ação;

6) Nossa denúncia da instrumentalização da piedade e da posição pastoral com objetivo de exercer uma condução do voto. Reafirmamos a liberdade que o cidadão tem de optar por seus candidatos, sem se sentir levado por sentimentos de medo e culpa, frequentemente promovidos por profissionais da religião visando a manipulação política de fiéis (Mt 7.15-20; Rm 16.17-18; 2 Pe 2.1-3; Jo 10.10a);

7) Nossa denúncia de toda e qualquer forma de corrupção, desde aquelas que lesam os cofres públicos às demais travestidas ora de opressão social, ora de conluios e conveniências com a injustiça, com a impunidade e com os poderes estabelecidos (Dt 25.13-16; Pv 11.1; 20.10; 31.9; Is 10.1-2; Jr 22.15-17; Mq 6.11; 7.2-3; Lc 3.12-13);

8) Nossa certeza de que o Reino não está circunscrito à Igreja e de que não pode ser capitaneado por ninguém, seja qual for o cargo que exerça ou credencial que possua (Lc 17.20-21; At 10.34-35);

9) Nossa inconformidade com o clima violento que tomou conta do país, o qual foi, também, muito alimentado por lideranças religiosas que, ao invés de pacificarem o povo e abrandarem os discursos, inflamam ainda mais o contexto polarizado em que vivemos (Mt 5.9; 11.29; Lc 6.27-31; Rm 12.19-21; Cl 3.12);

10) Nossa defesa do Estado laico, da liberdade de consciência e de expressão, do direito à vida, à maturidade individual e à integridade, e do pleno direito de exercermos a liberdade religiosa (Jo 8.31-32,36; 2Co 3.17; Gl 5.1.13; Rm 6.22; Cl 1.13);

11) Nosso renovado compromisso de semear perdão onde houver ofensa, amor onde houver ódio, esperança onde houver desespero, luz onde houver trevas, verdade onde houver mentira e união onde houver discórdia, manifestos no respeito e na contínua intercessão a Deus pelo processo democrático brasileiro (Mt 5.9; 18.21-22; Lc 6.27-31; Jo 13.3-5; Rm 12.19-21; Gl 5.13);

12) Nossa união em defesa da vida digna, em sua plenitude, para todas as pessoas, cujo exemplo e potencial maior está em Jesus de Nazaré; e do amor, da paz e da justiça estabelecidos por ele como valores para sua efetivação (Mt 11.29; Jo 10.10; 13.3-5,15; Rm 12.1-2; Fp 2.5-8).

“A graça do Senhor Jesus Cristo,
e o amor de Deus,
e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vós.”
(2 Co 13.13)

Brasil, setembro de 2018. 
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Achados arqueológicos na Ilha de Creta

Orthi Petra é uma das necrópoles mais importantes da Grécia. As sepulturas ilustram a história de Eleuterna, antiga cidade-estado da ilha de Creta que floresceu do terceiro milénio antes de Cristo até ao início do período bizantino. Uma equipa de arqueólogos começou a realizar escavações no local há três anos.

“A necrópole de Orthi Petra na antiga Eleuterna é a mais importante necrópole da idade das trevas e retrata os versos da Ilíada de Homero. Homero descreve a construção da pira crematória de Pátroclo, que se encontra, aqui, no cemitério de Orthi Petra. Temos aqui a parte visível da nossa história”, explicou Nicholas Stampolidis, professor da Universidade de Creta.

As obras encontradas durante as escavações fazem parte do Museu da Antiga Eleuterna que acaba de abrir portas, na ilha de Creta. O público pode contemplar mais de dez mil objetos. Um dos destaques da exposição é a sepultura de quatro mulheres.

“É uma das descobertas mais importantes. Trata-se de uma estrutura em pedra que contém os restos mortais de quatro mulheres, enterradas ao mesmo tempo, no início do século sete antes de Cristo. Uma das mulheres foi enterrada sentada. Tinha 72 anos e era provavelmente uma sacerdotisa. As outras três mulheres mais jovens foram enterradas durante o dia, com oferendas, vasos de argila e bronze, joalharia de ouro e outros presentes”, acrescentou o professor grego.

Os arqueólogos descobriram uma cópia quase exata da estátua “A Dama de Auxerre” que se encontra no museu do Louvre em Paris. Para o historiador de arte francês Alain Pasquier, antigo conservador do Louvre, a descoberta é emocionante.

“Eu estou reformado, mas, enquanto conservador do Louvre, durante 34 anos, vivi lado a lado com a ‘Dama de Auxerre’ e agora sei que se trata da dama de Eleuterna. É muito emocionante”, disse Alain Pasquier.

A Prisão de Satanás


Apocalipse 20 é o único lugar na Bíblia que fala do “milênio” – o reino de mil anos de Cristo triunfante na terra. Em nenhum outro lugar, a Sagrada Escritura menciona essa palavra, então é necessário observar ensinamentos relacionados em outros lugares da Escritura para entender o que isso significa em Apocalipse. Um bom princípio da interpretação bíblica (utilizado desde os tempos antigos por Agostinho, Ticônio e outros autores cristãos primitivos) é que se interprete as poucas menções de uma palavra ou conceito à luz do que há de muito, e o que é simbólico através do que há de manifesto. Seria contrário a um entendimento claro das Escrituras fazer o muito se encaixar no pouco, ou o manifesto, no simbólico. Portanto, devemos entender o que Apocalipse 20, um livro altamente simbólico, diz sobre o milênio à luz do enorme número de outras passagens bíblicas que nos contam mais claramente (e de forma menos simbólica) o que ocorre entre a ressurreição de Cristo, sua ascensão aos céus e seu retorno final à terra para completar a sua obra vitoriosa. Com isso em mente, busquemos auxílio bíblico para decifrar a primeira coisa que é dita que acontecerá nesse período de mil anos entre as duas vindas de Cristo: a prisão de Satanás.

Apocalipse 20.1–3 diz que um poderoso anjo de Deus prende o Diabo por mil anos. Especificamente, o versículo 3 relata que ele está impedido de enganar as nações durante esse período. Algo acontece com a habilidade de Satanás de manter as nações da terra cegas para ver quem Deus é e o que o evangelho significa para elas. Como resultado da obra consumada de Cristo ao morrer na cruz, ao ressuscitar dos mortos, ao ascender ao Pai e ao ser coroado no trono de glória, Satanás perdeu seu poder de enganar os incontáveis milhões de pagãos que ele antes mantinha cegos para a verdade salvífica de Deus.

A antiga história de Jó pode nos dar uma importante compreensão sobre essa grande redução de poder de Satanás sobre as nações idólatras. Jó 1.6–12 retrata Satanás como possuindo a habilidade de achegar-se à presença imediata de Deus, junto com outros anjos ou “filhos de Deus” (v. 6). Ele usou essa posição de poder para causar grande mal a Jó. Mas de acordo com o que Cristo diz nos evangelhos, Satanás perdeu esse acesso privilegiado às côrtes celestiais, como resultado da encarnação e da obra de Cristo. Em Lucas 10.18–19, os setenta discípulos retornam com grande alegria de sua missão bem sucedida de pregar o evangelho, curar os enfermos e expulsar demônios. Cristo, então, explica como eles foram capazes de realizar essas maravilhas: “Ele lhes disse: ‘Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago’” (v. 18). Jesus explica a queda de Satanás em termos do ministério cristão: “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano” (v. 19).

É significativo que os primeiros seres que reconheceram o Cristo encarnado, de acordo com o evangelho de Marcos, foram demônios. Marcos 1.24 e Lucas 4.34 estão entre as passagens que mostram os demônios clamando em terror que o Santo de Deus havia chegado para atormentá-los. Jesus explicou que quando ele expulsava demônios pelo Espírito de Deus (Mt 12.28–29), isso significava que o reino de Deus havia chegado. Em sua obra, ele estava amarrando o valente (isto é, o diabo), que antes estava mantendo pessoas na escura e dolorosa prisão da incredulidade, do pecado e do julgamento certo.


Após a crucificação e ressurreição do Senhor, e imediatamente após a sua ascensão de volta ao Pai, ele comissionou a igreja a ir e fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (28.19). Eles seriam capazes de fazer isso por causa da vitória de Cristo sobre Satanás, que há muito vinha cegando as nações, pois Jesus disse: “Todo poder me foi dado nos céus e na terra” (v. 18). O poder ilegítimo de Satanás sobre as nações foi arrancado dele e colocado nas mãos do legítimo Senhor e Salvador do mundo. Agora a igreja cristã pode fazer seu trabalho; pode engajar-se em uma missão bem sucedida por todo o mundo, trazendo as boas novas de liberdade do cativeiro àqueles que há muito estiveram em cadeias por causa do pecado e da incredulidade.

Colossenses 2.14–15 deixa claro o que aconteceu aos poderes do mal por causa do ministério de Cristo, especialmente o que ele conquistou na cruz: “[Ele] cance [lou] o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. Isso indica que os poderes perversos foram derrotados, em princípio, na cruz de Cristo. Quando Jesus fez expiação de todos os nossos pecados no Calvário, alguma coisa aconteceu a Satanás. O maligno perdeu sua autoridade de manter as pessoas longe de Deus. Ele foi preso por aquilo que Jesus realizou.

As jornadas missionárias do apóstolo Paulo nos territórios pagãos da Ásia Menor, Grécia e Roma foram bem sucedidas em converter as nações antes em trevas à luz salvífica de Deus em Cristo com base na prisão de Satanás. Paulo diz em Atos 28.28: “Tomai, pois, conhecimento de que esta salvação de Deus foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão”. Esse tem sido o motor de todas as missões e evangelismos cristãos desde aquele dia até hoje.

Quanto tempo dura o milênio? Não deve haver dúvida de que ele começou com a obra consumada de Cristo na terra. Apocalipse 20 segue imediatamente após Apocalipse 19, que celebra o triunfo daquele que é “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (v. 16), cujo manto foi tinto de sangue (v. 13), e que agora governa as nações com cetro de ferro (v. 15). Mas quando ele termina? Apocalipse 20 o apresenta como contínuo até o fim dos tempos, quando após uma breve insurreição de Satanás, o julgamento final acontece (20.7-11). Isso significa que o maligno está impedido de enganar as nações até um pouco antes da conclusão da história da salvação.

Por que, então, o Apocalipse usa a expressão mil anos? Em termos de números bíblicos, dez representa plenitude, e mil é dez vezes dez vezes dez, consequentemente, plenitude vezes plenitude vezes plenitude. Parece igualar a um vasto número de anos sem ser uma cronologia precisa da história humana. Em nenhum lugar, a Escritura limita a prisão de Satanás e o sucesso da missão da igreja a um período específico antes do fim dos tempos. Além disso, há outros lugares na Escritura onde a palavra mil é usada sem ser um número literal. No Salmo 50, o mesmo número é empregado em um diferente contexto, onde diz que a Deus pertence “o gado em mil colinas” (v. 10). Isso não pode querer dizer que a única coisa que pertence a Deus na sua criação são mil colinas, pois “ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém” (24.1). Trata-se de uma expressão de plenitude. Acontece o mesmo no Salmo 68.17, onde é dito que as carruagens de Deus são “vinte mil”. É altamente improvável que Deus possua apenas vinte mil anjos ativos sob seu comando, pois Cristo na cruz poderia ter chamado vinte legiões de anjos (Mt 26.53), o que é muito mais do que vinte mil. A mensagem nos Salmos 50 e 68 é de plenitude, e é a mesma em Apocalipse 20. Um dia, a plenitude dos eleitos será trazida à igreja e então virá o fim. Não é uma questão de mil anos literários, mas do momento secreto de Deus quanto ao ajuntamento do seu povo em união com Cristo, por mais tempo que possa demorar sob a nossa perspectiva humana.

Embora o maligno ainda tenha poder limitado em um mundo caído, é muito menor do que ele tinha quando era capaz de prender e cegar todas as nações fora de Israel. E os crentes ainda podem vencer o poder limitado de Satanás, pois Tiago 4.7 nos ordena: “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós”. Apocalipse 12.11 testifica dos crentes em combate que eles “o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram”. Assim, na verdade fundamental de Satanás ter sido impedido de cegar as nações, a igreja pode diariamente orar: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade assim na terra como nos céus” (Mt 6.10), e encontrar conforto na garantia de Deus: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão” (Sl 2.8).

Por: Douglas Kelly. © Ligonier Ministries. Website: ligonier.org. Traduzido com permissão. Fonte: The Binding of Satan.
Original: A Prisão de Satanás. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com

A Missão da Igreja

A missão integral da igreja consiste em apresentar o evangelho em sua plenitude, sua mensagem chega à totalidade do homem: espírito, alma e corpo. Podemos chamar de missão integral a preocupação com a salvação humana sem negligenciar o cuidado ou atendimento das privações materiais básicas daqueles que são comprovadamente carentes: escola, creche, clínicas, asilos, orfanatos, alimentação, vestuário etc. Todas estas ações fazem parte do evangelho e não podem ser escanteadas. Todavia, reconhecemos que a pregação do evangelho para a salvação do pecador vem em primeiro lugar.
Jesus, o nosso maior referencial, nunca fez vistas grossas às necessidades daqueles que o rodeavam. Ele saciava tanto a fome espiritual quanto a física, ouvia os problemas das pessoas e não se preocupou com o título que lhe deram de amigo de publicanos e pecadores. Possuía uma visão ampla (diferente da visão míope da maioria dos líderes contemporâneos) e via os homens não apenas como seres espirituais, mas como seres multifacetados constituídos de emoções, intelecto, moral, religiosidade, matéria etc. Sendo assim, procurava alcançá-los de maneira plena e equilibrada.
Esta visão de Jesus foi transmitida aos apóstolos de maneira que na igreja do primeiro século não havia disparidades sociais. Todos tinham tudo em comum e nada lhes faltava (Atos 4: 32-35). O apóstolo Paulo tinha um carinho todo especial com os pobres (Gálatas 2:10). Foi ele que fez uma coleta entre as igrejas gentílicas para os santos pobres em Jerusalém, e a entregou mesmo colocando sua própria vida em perigo (Atos 21:17-36; 24:17). Isto era um sinal visível da unidade interior e essencial do cristianismo primitivo. Além disso, os alvos das doações eram variados:
A comunidade cristã enfatizava o apoio às suas viúvas, órfãos, enfermos, deficientes e àqueles que, por causa da fé, perderam seus empregos ou foram encarcerados. Também resgatava homens forçados a trabalho servil em conseqüência da fé e hospedava viajantes. Uma igreja enviava ajuda para outra igreja cujos membros passavam por crise ou perseguição. Na teoria, e não foi diferente na prática, a comunidade cristã era uma irmandade unida pelo amor, na qual o auxílio material recíproco era a lei[1].
No entanto, na medida em que o tempo foi passando o amor ao próximo foi se arrefecendo. Em nossos dias esse amor serve como tema de pregações e está na boca de diversas pessoas, mas são pouquíssimos os que o vivenciam na prática. A grande maioria das igrejas (sobretudo as neopentecostais) estão preocupadas em como arrecadar mais e mais, querem construir belos templos, alcançar a fama, conquistar espaço na mídia e atrair multidões com um evangelho sem responsabilidades, conteúdo e focado apenas no aqui e agora. Neste contexto as palavras do apóstolo Paulo cairiam bem: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1Corintios 15:19; ARA). Numerosa parte da liderança cristã do nosso país vive com muito conforto, em total comodismo, passividade e omissão à realidade dos necessitados. Seus templos estão localizados nas grandes cidades em locais estratégicos, propiciando assim uma boa visibilidade.
Poucos são os que se aventuram a pregar o evangelho onde Cristo ainda não foi anunciado. Os pastores hodiernos (não todos) temem as cidades periféricas ou desconhecidas. Dificilmente encontraremos uma igreja neopentecostal em comunidades carentes, uma vez que estas não satisfazem o perfil requerido por estas igrejas. Como fazer campanhas de prosperidade, fogueira santa de Israel ou conseguir patrocinadores para programas de televisão nestes lugares? Se isto não é possível, se não há possibilidade de retorno financeiro, então não é atrativo.
Infelizmente o descrito acima é a realidade de grande parte dos lideres evangélicos brasileiros, tratam a igreja como se fosse uma empresa privada. Neste pensamento o que menos importa é a qualidade de vida espiritual das ovelhas. Antigamente o fornecimento da lã das ovelhas já era o suficiente, hoje se requer a carne e se possível até o próprio sangue para fomentar a ganância de seus pastores. E ainda dizem que está tudo bem e se alegram com o crescimento numérico dos evangélicos no país.
As pessoas estão definhando neste mundo de ilusões e desesperanças. Precisamos trabalhar urgentemente tendo Jesus como modelo e não desprezar as necessidades do nosso próximo. Um evangelho que não se preocupa ou não fornece espaço adequado para os drogados, prostitutas, deficientes, moradores de rua, órfãos, doentes, idosos e etc. Não cumpriu sua missão integral e é em si incompleto. Que as palavras de Tiago estejam vivas em nossas mentes e corações: “Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer de vos lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?” (Tiago 2:15,16). E que possamos ser como o bom samaritano que ajudou quem nunca tinha visto sem nenhuma intenção de retribuição. E não como os religiosos da época que não obstante terem conhecimento da lei, agiam com completo desprezo em relação ao próximo. Meu desejo é que tenhamos não apenas uma fé intelectual, mas sim uma fé prática para glória de Deus.
Gostaria de terminar citando Dr. W. A. Visser em uma declaração de nossa dupla responsabilidade cristã, social e evangelística:
“Eu creio que com respeito à grande tensão entre a interpretação vertical do Evangelho, como essencialmente preocupada com o ato da salvação de Deus na vida dos indivíduos e a interpretação horizontal disto, como principalmente com as relações humanas no mundo, devo fugir daquele movimento oscilatório mais do que primitivo de ir de um extremo para outro.”
“Um cristianismo que tem perdido sua dimensão horizontal, tem perdido seu sal e é, não somente insípido em si mesmo, mas sem qualquer valor para o mundo. Mas um cristianismo que usaria a preocupação vertical como um meio para escapar de sua responsabilidade pela vida comum do homem é uma negação do amor de Deus pelo mundo, manifestado em Cristo. Deve se tornar claro que membros de igreja, que de fato negam suas responsabilidades com o necessitado, em qualquer parte do mundo, são tão culpados de heresia quanto todos os que negam este ou aquele artigo de fé” [2].


[1] Kennedy, D. James e Newcombe, Jerry. E se Jesus não Tivesse Nascido?. São Paulo: Vida, [p. 50].
[2]Stott, John. Cristianismo Equilibrado. São Paulo: CPAD, [p. 20].

O Pacto de Lausanne - A MISSÃO INTEGRAL da Igreja

Estudo científico comprova relato bíblico

Estudo científico revela veracidade de relato bíblico, cananeus imigraram para o Líbano.
Em um estudo mais recente de todo o genoma de vestígios antigos do Oriente Próximo, os cientistas do Wellcome Trust Sanger Institute e seus colaboradores sequenciaram os genomas inteiros de indivíduos cananeus de 4.000 anos de idade que habitavam a região durante a Idade do Bronze e os compararam a outras populações antigas e atuais. Os resultados, publicados hoje neste 27 de Julhos de 2017 no American Journal of Human Genetics sugerem que os libaneses atuais são descendentes diretos dos cananeus antigos.

O Oriente Próximo é muitas vezes descrito como o berço da civilização. Os cananeus da Era do Bronze, mais tarde conhecidos como fenícios, introduziram muitos aspectos da sociedade que conhecemos hoje - eles criaram o primeiro alfabeto, estabeleceram colônias em todo o Mediterrâneo e foram mencionados várias vezes na Bíblia.
No entanto, os registros históricos fora da Bíblia dos cananeus são limitados. Eles foram mencionados em textos gregos e egípcios antigos, e a Bíblia que relata a destruição generalizada dos assentamentos cananeus e a aniquilação das comunidades na Terra de Canaã. Especialistas há muito discutiram quem eram os cananeus geneticamente, o que aconteceu com eles, quem eram seus antepassados ​​e se eles tinham algum descendente hoje.
No primeiro estudo de seu tipo, os cientistas descobriram que a genética do povo cananeu tem um vínculo firme com as pessoas que vivem no Líbano nos dias hoje.

JESUS NÃO COMBINA COM PRECONCEITO

Por Hermes C. Fernandes
Já no começo Ele mostrou a que veio. Escolheu nascer numa família humilde e em circunstâncias que poderiam ser, no mínimo, consideradas suspeitas. De repente, sua mãe apareceu grávida, e o filho não era de seu pai.
Poderia ter nascido num palácio, mas preferiu nascer entre os animais, acolhido numa manjedoura em vez de num berço de ouro. De fato, Jesus não combina com preconceito.
Ainda bebê, recebeu presentes de magos estrangeiros que não professavam a religião dos seus pais (“magos” é um eufemismo para “bruxos”). Por que hoje Ele discriminaria quem o quisesse louvar, ainda que não pertencesse ao seu povo? Ora bolas, Jesus não combina com preconceito.
Já adulto, foi inusitadamente banhado pelo perfume de uma dama da noite, adquirido no exercício de sua atividade. Jamais se incomodou por ser flagrado andando publicamente na companhia delas e de outros de moral duvidosa. Será que hoje Ele ficou mais seletivo? Jesus não combina mesmo com preconceito.
Nunca usou termos pejorativos para tratar leprosos, mendigos, excluídos, eunucos. Por que alguns dos seus seguidores insistem em usá-los. Não consigo imaginá-lo chamando alguém de “gay aidético”, ou de "leproso imundo". Ele sempre foi um gentleman. Tratava com dignidade a qualquer ser humano. E sabe por quê? Jesus não combina com preconceito.
Ele foi capaz de elogiar publicamente a manifestação da fé de um oficial do exército do império que ocupava sua terra. Mesmo sabendo que aquele homem provavelmente era devoto de muitos deuses, Ele não recriminou, mas admirou sua devoção ao criado enfermo. Tudo porque Jesus não combina com preconceito.
Ele escandalizou seus conterrâneos, ao usar uma figura por eles desprezada para ser o principal personagem de algumas de suas parábolas. Para Ele, mesmo um samaritano era capaz de surpreender o mundo com atitudes dignas e motivadas por amor. Definitivamente, Jesus não combina com preconceito.
Foi flagrado aos papos com uma "nordestina" de sotaque estranho (Samaria ficava ao norte de Jerusalém) à beira de um poço, e mesmo sabendo de seu estilo de vida promíscuo, não a condenou, mas ofereceu-lhe saciar sua sede existencial. Você ainda acha que Jesus combine com preconceito?
Ao escolher seus discípulos, não os censurou por suas ideologias. De fato, entre eles havia publicanos, zelotes e até fariseus, abrangendo todo o espectro ideológico da época. Por que alguns dos seus seguidores atuais apaixonam-se de tal maneira por certas ideologias, que acabam demonizando os que pensam diferente? Quem dera fôssemos como Jesus que não combina com preconceito.
Ao ressuscitar, Ele quebrou todos os protocolos ao aparecer antes às mulheres e enviá-las como portadoras da boa nova aos demais discípulos. Por incrível que pareça, ainda há quem se diga discípulo d'Ele e que pensa que a mulher não deve ter oportunidade no ministério. Parece que Jesus vivia bem à frente do seu tempo e por isso, jamais combinou com preconceito.
Paulo, um dos seus mais proeminentes discípulos, fez eco ao que aprendeu do seu mestre. Tanto que foi capaz de citar poetas seculares em seu discurso, revelando estar desprovido de qualquer espírito discriminatório. Haveria algum erro em citar poetas seculares atuais? Será que isso nos desqualificaria como pregadores? Definitivamente, Jesus não combina com preconceito.
Jesus só demonstrou intolerância para com os intolerantes, aqueles que se achavam tão santos, que ao subirem ao templo para orar, ousavam declarar não serem tão pecadores como os outros. Estes não foram poupados de suas duras e severas críticas. Com a mesma severidade com que julgaram, foram julgados. Para estes, Jesus tinha adjetivos muito especiais, tais como hipócritas, “raças de víboras” e “geração adúltera” (equivalente mais polido de um xingamento muito usado em nossos dias). Definitivamente, Jesus não combina com preconceito, muito menos com intolerância.

#ELENÃO

Curiosidades Arqueológicas: Homem Aranha

Os egípcios já conheciam uma divindade chamada homem-aranha há quase 4 mil anos! 

Um Cristianismo que se arma continua sendo cristão?

Todo discurso que promove a violência não é ancorado nos ensinamentos de Jesus

Em tempos tão polarizados quanto este em que vivemos no nosso país, aliando-se à grande hegemonia cristã predominante em nosso contexto, é sempre possível que surjam discursos que não se coadunam com o Evangelho e, curiosamente, são suportados por bases bíblicas aleatórias. Contudo, algo que é sempre importante de se lembrar é de que todo texto, retirado do seu contexto, torna-se pretexto para se dizer o que quiser. Essa máxima, embora muito apreciada por todos que a ouvem, constantemente é negligenciada e usada para fazer diversos tipos de afirmativas de cunho cristão.
Dentre os diversos temas em voga em nosso país, recentemente o tema da violência surge com força, principalmente, em época eleitoral. Diante desse cenário, não é difícil encontrar os discursos que pregam a violência como solução para as questões da sociedade e da criminalidade. Frases como “tem que matar mesmo”; “bandido bom é bandido morto” etc são usadas por diversas pessoas que se dizem cristãs e, para justificar tais posições, tomam alguns versículos bíblicos aleatórios e fora de contextos. Os mais cotados são os textos do Pentateuco, em que está em voga a famosa lei de talião, do olho por olho e dente por dente e, nesse sentido, se alguém mata, tem que morrer e se alguém fere alguém deve ser ferido, bem como o texto do Novo Testamento, em que Jesus diz para Pedro para pegar em espadas no evento narrado em Lucas 22.
Que os textos do Antigo Testamento e a lei de talião não deveriam nem ser considerados para esse problema pelo viés cristão parece muito claro. Afinal, o ensinamento de Jesus segue justamente na contramão disso. “Eu, porém, vos digo” lido constantemente no sermão do monte, mostra o caráter de desvinculação proposto por Jesus das antigas ordenanças do Antigo Testamento. No lugar da lei de talião, deve-se reinar, a partir de agora, a lei do amor, “para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” (Mt 5,45). Nessa nova proposta, a lei da vingança não faz mais sentido e, consequentemente, não deveria fazer parte do discurso cristão que, obviamente, deve seguir os ensinamentos de Jesus.
O texto de Lucas 22, por sua vez, é usado como tentativa para justificar a violência nos ensinamentos de Jesus. Seria como se dissesse: “tá vendo, Jesus mandou os discípulos se armarem e, por este motivo, nós também, cristãos, devemos ser a favor do porte de armas etc”. Fazer isso, todavia, é tirar o texto do seu contexto sem atentar que, se Jesus realmente tivesse dito isso no sentido literal estaria indo contra todo seu ensinamento para com seus discípulos ao longo dos 3 anos de convivência, o que tornaria o próprio Jesus um hipócrita, por estar fazendo algo que ele mesmo condenou anteriormente. Assim, pela própria coerência da pregação de Jesus, o texto deve ser lido em sua forma de parábola, significando que um novo tempo está por vir sobre os discípulos, um tempo de violência e perseguição contra eles, sendo necessário que estivessem preparados para resistir a isso, não com armas (afinal, 2 espadas para 11 homens mostraria Jesus como péssimo estrategista de guerra), mas com o próprio Evangelho.
Dessa forma, o texto de Lucas também não se sustenta quando usado para justificar o uso da violência, ou o porte de armas. Deve-se sempre lembrar que a palavra de Jesus e sua pregação sempre foram voltadas para o amor, sendo este, conforme nos diz a primeira carta de João, aquilo que o próprio Deus é.
Pelo exemplo de Jesus e pela narrativa evangélica, bem como tendo como base todo o Novo Testamento, a violência não se mostra como aquilo desejado por Deus para a conduta na sociedade. Seguir o exemplo de Cristo, assim, se mostra dirigir-se na contramão de qualquer discurso que a incita, sendo isto também parâmetro para dizer se algum discurso é ou não cristão.
Todo discurso que promove a violência não é ancorado nos ensinamentos de Jesus e todo aquele que o prega não compreendeu ainda a mensagem do Evangelho que liberta e vence, não pela força da violência, mas pela fraqueza do amor.
 Em tempos de violência constante em nosso país, os/as cristãos/ãs não devem ser os que a propagam, antes aqueles/as que mostram que há outro caminho possível, em que a luta se dá de maneira diferente, não pelo uso das armas, mas pelos atos de amor consciente e engajado, denunciando as injustiças e as misérias, propondo um caminho que preze pela equidade de dignidade e condições para todos, de maneira que os vislumbres do Reino de Deus se faça presente na sociedade
Por Fabrício Veliq

A vida dos judeus na Babilônia

Após a conquista de Judá, Nabucodonosor deportou muitos judeus para a Babilônia. Como era a vida deles como lá? Eles foram assimilados ou se destacaram? Que língua (s) eles falaram e que práticas religiosas eles mantiveram? Qual era a sua posição social e econômica? Registros babilônicos nos permitem vislumbrar a vida de alguns dos deportados.
Dra. Laurie Pearce
Cuneiformes e aramaicos escrevem a pintura de parede de Til Barsip (744–727 BCE). Crédito: H.Emeriaud Kosmossociety

O Templo destruído, os judeus deportados para a Babilônia começaram a vida novamente. O livro de Lamentações se concentra na tragédia da destruição para o povo de Judá e seu exílio, [1] mas outros textos bíblicos aludem a atividades que refletem estabilidade e continuidade de vida e comunidade em uma terra estrangeira: por exemplo, a exortação de Jeremias aos exilados de Judá na Babilônia:
ירמיה כט: ה בְּנוּ בָתִּים וְשֵׁבוּ וְנִטְעוּ גַנּוֹת וְאִכְלוּ אֶת פִּרְיָן. כט: ו קְחוּ נָשִׁים וְהוֹלִידוּ בָּנִים וּבָנוֹת וּקְחוּ לִבְנֵיכֶם נָשִׁים וְאֶת בְּנוֹתֵיכֶם תְּנוּ לַאֲנָשִׁים וְתֵלַדְנָה בָּנִים וּבָנוֹת וּרְבוּ שָׁם וְאַל תִּמְעָטוּ. כט: æ וְדִרְשׁוּ אֶת שְׁלוֹם הָעִיר אֲשֶׁר הִגְלֵיתִי אֶתְכֶם שָׁמָּה וְהִתְפַּלְלוּ בַעֲדָהּ אֶל יְ-הוָה כִּי בִשְׁלוֹמָהּ יִהְיֶה לָכֶם שָׁלוֹם.
Jr 29: 5 Construa casas e viva nelas, plante hortas e coma seus frutos. 29: 6 Toma mulheres e geram filhos e filhas; e toma mulheres para os vossos filhos e dai as vossas filhas aos maridos, para que gerem filhos e filhas. Multiplique lá, não diminua. 29: 7 e buscar o bem-estar da cidade para a qual vos exilei e oro a YHWH em seu nome; porque na sua prosperidade prosperarás.
Tais passagens estão relacionadas com a comunidade, mas como foi isso para os judeus que vivem na Babilônia?
Evidência onomástica para Judéia DeporteesArqueologia descobriu arquivos e dossiers de tabuletas de argila cuneiformes que documentam vida social e económica na Babilônia neste período (ou seja, final 8 th -início 5 ºséculo aC). Usando evidências onomásticas (o conteúdo e a estrutura dos nomes pessoais) somos capazes de identificar os judeus nesses documentos, e até mesmo traçar carreiras individuais e familiares. Esses textos não apenas fornecem uma lente através da qual vislumbrar detalhes específicos da vida de um número limitado de deportados e seus descendentes, [2] mas também fornecem um contexto para entender as interações da Judéia com seus senhores e vizinhos babilônicos.
Quais idiomas os judeus falaram na Babilônia?
Após as predações de Nabucodonosor, os judeus que permaneceram nas pequenas aldeias de Judá provavelmente continuaram a falar os dialetos hebraicos locais. [3] No entanto, como o aramaico serviu como a linguagem da administração imperial, muitos judeus teriam aprendido aramaico. [4] Certamente, aqueles que foram deportados para a Babilônia teriam aprendido a falar aramaico, mas continuaram a falar hebraico também? [5]
Infelizmente, a tarefa de descobrir que língua (s) os próprios judeus falaram e escreveram na Babilônia é complicada pelo fato de que nem os registros de papiro e pergaminho produzidos por sepīru (escribas babilônicos treinados em escrita alfabética [como hebraico e aramaico] e engajados em documentação administrativa oficial), [6] nem documentos internos da comunidade da Judéia, sobreviveram desse período.
Somente tabletes de argila - muito mais duráveis ​​que papiros ou pergaminhos - sobreviveram até os tempos modernos. Infelizmente, isso é de pouca ajuda para responder à questão hebraica, já que a escrita cuneiforme é inadequada para registrar as línguas semíticas ocidentais. [7] (Em qualquer caso, minorias, incluindo judeus e membros de outras populações deportadas, não são atestadas como escribas cuneiformes).
Assim, o uso de idiomas e roteiros semíticos ocidentais na Babilônia deve ser avaliado com base em evidências de palavras emprestadas, [8] bem como em pequenos avisos escritos em tinta de escrita alfabética ou incisos nas placas de argila. [9] Entre os últimos, uma nota promissória para a cevada é de particular interesse como uma possível testemunha da história do hebraico na Babilônia. [10]
Shelamyah ben Nedavyah Owes Cevada
Cópia de Laurie Pearce, publicada em Pearce e Wunsch 2014, no. 10
A nota promissória diz:
[x] kor de cevada são devidos a Gummulu, filho de Bi-hamê, por Šalam-Yāma, filho de Nadab-Yāma. Em Simānu, ele entregará a cevada em sua quantidade principal na cidade de Adabilu. Dalā-Yāma filho de Ili-šū garante a entrega da cevada.
Testemunhas: Šikin-Yāma, filho de Ili-šū; Balāṭu, filho de Nabānāṣir; e o escriba, Nabānāṣir, filho de Nabiz-zīr-iqīša.
Escrito em Judahtown, [11] o 23 º dia de Ṭebētu, o 6 º ano de Nabonido, rei de Babilônia.
Na borda esquerda deste tablete, [12] cinco letras incisa Š-LMYH soletram o nome hebraico שלמיה, Š e lamyah , traduzem Šalam-Yāma (= Yawa = Yahweh) [13] no texto acadiano. Algumas dessas letras apresentam características distintas à escrita paleo-hebraica.
Esta transação do meio do sexto século (549 AEC) pertence a um período divisor de águas na história da língua hebraica quando, mesmo em Judá, o uso da escrita aramaica substituiu a antiga escrita hebraica, e ainda assim o nome ao lado desta tabuleta é escrito em script paleo-hebraico. [14]
A data do tablet sugere que: (1) Šalam-Yāma nasceu perto do início do exílio, seja em Judá ou logo após a deportação de sua família, na Babilônia; e (2) que seu pai, Nadab-Yāma (נדביה), ou alguém em seu círculo, era alfabetizado e poderia ter ensinado Šalam-Yāma a escrever no roteiro que estaria em uso durante sua juventude.
Não há razão para acreditar que qualquer escriba alfabético ( sepīru ) teria tido ocasião ou razão para aprender a escrita hebraica, então o escriba deve ter sido judeu, já que membros e descendentes da geração exílica poderiam ter persistido em seu uso daquela escrita. como um meio de promover sua identidade, da mesma forma que o governo de Bar Kochba usou a escrita paleo-hebraica em suas moedas, o que pode ter sido ligar-se aos antigos dias de glória de Israel. [15]
Treinamento de escriba urbano
A evidência idiossincrática do treinamento de Shelamya na escrita paleo-hebraica vem de um texto escrito no campo, onde registros administrativos foram produzidos por escribas locais ou itinerantes trabalhando para a administração imperial. Os judeus do campo teriam pouca oportunidade de se expor ao treinamento de escritores babilônicos. A situação era diferente, no entanto, nos ambientes urbanos para os quais algumas elites da Judéia foram realocadas.
As escolas urbanas de escritores babilônicos poderiam ter servido como um - talvez o - o principal local de contato entre os escribas da Mesopotâmia e da Judéia e a transmissão da alfabetização cultural. [16] Daniel 1: 3-4 retrata tal encontro, pois narra como Daniel e seus amigos estavam preparados para servir na corte de Nabucodonosor:
דניאל א: גוַיֹּאמֶר הַמֶּלֶךְ לְאַשְׁפְּנַז רַב סָרִיסָיו לְהָבִיא מִבְּנֵי יִשְׂרָאֵל וּמִזֶּרַע הַמְּלוּכָה וּמִן הַפַּרְתְּמִים. א: ד יְלָדִים אֲשֶׁר אֵין בָּהֶם כָּל (מאום) [מוּם] מַרְאֶה וּמַשְׂכִּילִים בְּכָל וְטוֹבֵי חָכְמָה וְיֹדְעֵי דַעַת וּמְבִינֵי מַדָּע וַאֲשֶׁר כֹּחַ בָּהֶם לַעֲמֹד בְּהֵיכַל הַמֶּלֶךְ וּלֲלַמְּדָם סֵפֶר וּלְשׁוֹן כַּשְׂדִּים .
Dn 1: 3 Então o rei ordenou a Ashpenaz, seu oficial chefe, que trouxesse alguns israelitas de descendência real e da nobreza - 1: 4 jovens sem defeito, bonitos, proficientes em toda a sabedoria, conhecedores e inteligentes, e capazes de servir no palácio real - e ensina-lhes os escritos [17] e a língua dos caldeus.
Fontes cuneiformes desde o início do Exílio também registram a presença da realeza judia nos tribunais judiciais. [18] Embora o hebraico escrito pudesse ter permanecido em uso dentro do círculo cultural da comunidade judaica de expatriados, o locus da corte fornecia oportunidades de contato direto entre os escribas hebreus e acadianos em contextos mais seculares. [19] Os escribas da Judéia que viviam nos centros religiosos e políticos da Babilônia tiveram a exposição necessária para incorporar não apenas os nomes dos meses babilônicos no calendário judaico, mas também o estilo literário das Crônicas Babilônicas em sua composição de narrativas históricas bíblicas, como Crônicas. [20] (ברי הימים).
Judas praticavam o ritual / culto judaico na Babilônia?
Como a ampla documentação da vida cultual nos textos administrativos e rituais da Babilônia são os artefatos de atividade conduzidos na esfera da elite urbana, sem surpresa, eles não incluem nenhuma declaração explícita da prática cultual da Judéia. Mesmo assim, a expressão escrita de textos ou práticas religiosas da Judéia pode ter sido produzida dentro da comunidade judaica, como sugerido pela continuação de uma comunidade judaica além do período do retorno. Felizmente, a evidência onomástica pode ser de novo ajuda, uma vez que os nomes pessoais atravessam fronteiras entre o lar, a família, a comunidade e o mundo exterior, oferecendo pistas para a prática cultual da Judéia. No entanto, esses nomes não são universalmente considerados indicadores de adoração exclusiva de Yahweh pelos judeus, 21]e cautela é necessária em sua interpretação como evidência para atividades religiosas.
O nome Šabbātaya, “o de (ou seja, nascido do) sábado”, faz referência a uma observância distinta da Judéia, embora sua exclusividade para essa comunidade não esteja estabelecida com segurança. [22] Da mesma forma, o nome Ageu marca um indivíduo (ou seus pais) como um devoto da observância do festival (em hebraico ḥ ag significa um festival de peregrinação).
Os nomes Šabbātaya e Haggai sugerem que as pessoas nomeadas para os dias especiais em que nasceram pertenciam a famílias que observavam o sábado e feriados. No entanto, nem todos os judeus, seja em Judá ou na Babilônia, observaram leis e injunções religiosas relevantes. Textos bíblicos contemporâneos indicam que alguns judeus, tanto antes como depois do exílio, ignoraram várias injunções do sábado. Por exemplo, o autor do livro de Jeremias adverte as pessoas a guardar o Shabat e a não carregar as cargas no dia sagrado:
ירמיה יז: כא כֹּה אָמַר יְ-הוָה הִשָּׁמְרוּ בְּנַפְשׁוֹתֵיכֶם וְאַל תִּשְׂאוּ מַשָּׂא בְּיוֹם הַשַּׁבָּת וַהֲבֵאתֶם בְּשַׁעֲרֵי יְרוּשָׁלָ‍ִם. יז: ב וְלֹא תוֹצִיאוּ מַשָּׂא מִבָּתֵּיכֶם בְּיוֹם הַשַּׁבָּת וְכָל מְלָאכָה לֹא תַעֲשׂוּ וְקִדַּשְׁתֶּם אֶת יוֹם הַשַּׁבָּת כַּאֲשֶׁר צִוִּיתִי אֶת אֲבוֹתֵיכֶם. יז: כגוְלֹא שָׁמְעוּ וְלֹא הִטּוּ אֶת אָזְנָם וַיַּקְשׁוּ אֶת עָרְפָּם לְבִלְתִּי שומע [שְׁמוֹעַ] וּלְבִלְתִּי קַחַת מוּסָר.
Jeremias 17:21 Assim diz YHWH: Guarda-te por amor de ti mesmo, levando as cargas no dia de sábado, e introduzindo-as nas portas de Jerusalém. 17:22 nem farás para as cargas das tuas casas o dia de sábado, nem farás nenhuma obra, mas santificarás o dia de sábado, como eu ordenei a vossos pais. 17:23 Eles, porém, não deram ouvidos nem ouviram; eles endureceram o pescoço e não prestaram atenção ou aceitaram disciplina. 
Mais tarde, Neemias repreende os judeus por trazerem mercadorias para Jerusalém no Shabat:
נחמיה יג: טו בַּיָּמִים הָהֵמָּה רָאִיתִי בִיהוּדָה דֹּרְכִים גִּתּוֹת בַּשַּׁבָּת וּמְבִיאִים הָעֲרֵמוֹת וְעֹמְסִים עַל הַחֲמֹרִים וְאַף יַיִן עֲנָבִים וּתְאֵנִים וְכָל מַשָּׂא וּמְבִיאִים יְרוּשָׁלִַם בְּיוֹם הַשַּׁבָּת וָאָעִיד בְּיוֹם מִכְרָם צָיִד. יג: טזוְהַצֹּרִים יָשְׁבוּ בָהּ מְבִיאִים דָּאג וְכָל מֶכֶר וּמֹכְרִים בַּשַּׁבָּת לִבְנֵי יְהוּדָה וּבִירוּשָׁלִָם. יגיז וָאָרִיבָה אֵת חֹרֵי יְהוּדָה וָאֹמְרָה לָהֶם מָה הַדָּבָר הָרָע הַזֶּה אֲשֶׁר אַתֶּם עֹשִׂים וּמְחַלְּלִים אֶת יוֹם הַשַּׁבָּת.
Neemias 13:15 Naquele tempo vi homens em Judá pisando lagares no sábado, e outros trazendo montes de cereais e carregando-os em jumentos, também vinho, uvas, figos e todo tipo de bens, e trazendo-os para Jerusalém no Sábado. Eu as admoestei ali e depois por vender provisões. 13:16 Os tiranos que ali viviam traziam peixes e toda sorte de mercadorias, e os vendiam no sábado aos juditas em Jerusalém. 13:17 censurei os nobres de Judá, dizendo-lhes: Que mal fazes isto, profanando o dia de sábado!
As datas de algumas tábuas cuneiformes revelam que os membros da comunidade judaica na Babilônia também desconsideravam os regulamentos do sábado. (As ferramentas e tabelas de conversão padrão suportam o cálculo do dia da semana no calendário babilônico no qual ocorreram transações, datadas do dia, mês e ano de reinado. [23] ) No entanto, qualquer conclusão sobre a extensão da observância do Shabat em todo A comunidade judaica na Babilônia deve ser desenhada com grande cautela, tendo em vista o pequeno número de textos relevantes.
Nomes Yahwistic
Os nomes Yahwistas Diagnósticos há muito são considerados como refletindo apego à tradição ou como marcadores de especulação teológica. [24] No entanto, nomes Yahwistic aparecem em contextos que também refletem a integração da Judéia na organização administrativa da Babilônia. O onomasticon babilônico (pool de nomes) do primeiro milênio AEC inclui “nomes oficiais” ( Beamtennamen ) que contêm a palavra acadiana šarru (“rei”, cognato com hebraico śar, שר), ​​identificando indivíduos que serviram na administração imperial.
Tais nomes, por exemplo, Nabû-šar-uṣur, “O Nabû, preserva o rei!” Ou Nergal-šar-uṣur, “Oh Nergal, preserva o rei!” [25] foram adotados por pessoas que desejam se juntar às fileiras administrativas ou lhes dado no nascimento por pais que esperam pavimentar o caminho para que uma criança faça assim. Um pequeno número desses nomes oficiais combina ortografias babilônicas do nome divino Yahweh com predicados padrão babilônicos, identificando, assim, os judeus que serviam à administração em funções oficiais.
Um exemplo é particularmente instrutivo, como a variação entre elementos teofóricos babilônicos e yahwistas em duas ortografias para o nome da mesma pessoa Yāḫû-šar-uṣur (“Ó Yahweh, preserva o rei!”) E Bēl-šar-uṣur (“Ó Senhor, preserva o rei! ”), demonstra que os escribas babilônicos entendiam que Yahweh era a divindade suprema entre os judeus. É por isso que eles substituíram o elemento bēl , "senhor", neste nome pessoal para Yāḫû, como um epíteto respeitoso, assim como eles se referiam ao seu próprio deus-chefe Marduk como Bēl. [26] 
Embora exemplos de indivíduos portando o nome Yāḫû-šar-uṣur, atestem a entrada da Judéia no setor administrativo da organização babilônica e aquemênida, os atestados de menos de cinco indivíduos assim denominados tornam extremamente difícil avaliar a extensão da aculturação a este nível. .
O posicionamento social e econômico dos judeus na Babilônia
A integração social e econômica dos judeus, passível de adotar padrões de nome babilônicos e de agir de maneira contrária aos comandos religiosos, pode ser rastreada nos registros cuneiformes de sua participação na atividade comercial e empreendedora.
Comerciantes Reais Em Sipar, localizado no rio Eufrates, ao norte da Babilônia, menos de dez judeus com nomes javistas aparecem em textos que documentam transações comerciais da segunda metade do sexto século AEC e dos anos 494-493. O grupo anterior registra atividades de membros da família Ariḫ, a maioria dos quais possui distintamente nomes babilônicos.
Dos dois indivíduos designados tamkarēšarri , “comerciante real”, [27] tem-se o nome Yahwista Aḫi-Yāma, ou seja, (אחיה (ו, “Yahweh é meu irmão”. Ele e outros mercadores reais babilônios eram empresários que receberam além do apoio financeiro da coroa, cartas de passagem que asseguravam sua segurança e autoridade durante viagens de negócios, semelhantes àquelas que Neemias (2: 7-9) solicitou em conexão com sua viagem a Judá.
AIjma e seus irmãos participaram de atividades comerciais comparáveis ​​às de suas contrapartes babilônicas, incluindo comércio de ouro, aluguéis de casas e comércio de produtos agrícolas. Sua participação em tais atividades demonstra a plena integração dos judeus na economia babilônica.
Cortes Reais OsJudeus serviram como cortesãos reais (como fez Neemias, um portador da taça ao rei [Ne 1:11]):
נחמיה א: יא … וַאֲנִי הָיִיתִי מַשְׁקֶה לַמֶּלֶךְ.
Ne 1:11 ... eu era o copeiro do rei na época.
Textos cuneiformes identificam cortesãos da Judéia ( ša rēš šarri , “aquele que serve à frente do rei”) como recipientes de rações junto com o rei da Judéia e sua família. [28] Suas posições teriam lhes dado interações mais diretas com o tribunal do que os mercadores reais desfrutavam.
Yāḫû-šar-uṣur Testemunhas EmpréstimoUm texto cuneiforme escrito em Susa (Shushan bíblico) registra um empréstimo substancial de prata entre membros de duas proeminentes famílias babilônicas: O texto diz:
[1 mina de] cut-up [sil] ver, com 1/8 shekel (de liga) em um meio-shekel ... [pertencente a x] -idina filho de Nergal-ušallim, descendente de Ea-eppeš-ilī, é devida por Širku, filho de Iddinaya, descendente de Egibi. No final do mês Simānu (= Sivan), na Babilônia, ele pagará (de volta) o capital principal do mesmo, em prata, para (a quantidade de) 1 mina, com 1/8 shekel (de liga) em um meio shekel. A partir do mês em que Du'uzu (in) três meses (a partir de agora), os juros serão acrescidos a ela (pela quantidade de) um shekel por mina.
A lista de testemunhas segue imediatamente, e inclui o nome de um administrador imperial Judeu, Yāhû-šar-uṣur filho de Šamaš-iddin (observe o nome babilônico de seu pai, que sugere que a família já estava aculturando na geração mais velha) na companhia de um número de elites cuja posição social é confirmada pelo nome da família ancestral que cada um possui, por exemplo, Saggilaya (“o do Esagil” [o principal templo de Marduk na Babilônia]) e Rab-bānê, os chefes dos superintendentes (da corte) .
Através do estudo de outros documentos de arquivo em que essas testemunhas babilônicas de elite aparecem, é determinado que pertenciam a um contingente de indivíduos que viajaram para Susa para obter uma audiência com o rei como meio de desenvolver atividades empreendedoras.
Como este é o único atestado conhecido de Yāḫû-šar-uṣur [29] filho de Šamaš-iddin, [30] a testemunha da Judeia, é impossível determinar se ele também viajou de Babilônia com os empreendedores ou viveu o ano todo dentro de Susa. O que é certo é que ele era um judeu cuja associação com os círculos culturais da elite babilônica pode ser confirmada. [31] Resta para o futuro fazer um estudo aprofundado do significado de diferentes origens linguísticas dos nomes que abrangem diferentes gerações para uma compreensão das forças nos processos de aculturação.
Casamentos da Judéia
Sobreviventes detalhes relacionados à vida familiar da Judéia derivam de dois textos no corpus de documentos matrimoniais neobabilônicos. Parte do casamento nesse período era uma obrigação contratual envolvendo transferência de bens e propriedades entre famílias. Famílias babilônicas registraram casamentos em escrita cuneiforme em tabuletas de argila, e os nomes de noiva e noivo, familiares e testemunhas ajudam a identificar suas origens culturais.
Os textos em questão demonstram interações entre judeus e babilônios em questões de vida familiar e lei. Um exemplo dessas interações ocorre no documento de casamento composto em āl-Yāḫūdu no início do reinado de Ciro e testemunhado por vários judeus. Ele se ajusta, em geral, ao padrão e aos detalhes dos documentos publicados sobre o casamento neobabilônico / aquemênida. [32]  Expressões de fórmula relacionadas à implementação do casamento, novo casamento e sanções contra a esposa adúltera incluem, respectivamente:
ana aššūti nadānu , “dar em casamento (literalmente: esposa-navio)”
aššata šanīta ahāzu / rašû , “casar-se (literalmente: tomar / adquirir) uma segunda esposa”
ina patar parzilli tamatta , “ela morrerá pela adaga de ferro” [33]
Algumas expressões nos textos matrimoniais neobabilônicos que documentam as práticas expressas em documentos matrimoniais judaicos encontram paralelos nos contratos da Elephantine mais ou menos ao mesmo tempo: [34]
ul aššati atti / l 'thtt' ntt, “ Ela não é / não será minha esposa” [35]
ašar ṣebāt mahri tallak  /  thk lh'n zy ṣbyt : “Ela vai aonde quiser”
Assim, mesmo quando os judeus se integraram em seu novo ambiente, eles mantiveram algumas de suas próprias práticas culturais.
Judeus com nomes babilônicos casando-seOutro texto do casamento demonstra que o avanço social e econômico do casamento em famílias babilônicas poderia oferecer alguns judeus. Seu noivo e sua noiva têm nomes babilônicos; o nome da noiva, Kaššāia, é o mesmo de uma das filhas de Nabucodonosor, uma escolha motivada, talvez, pelo desejo de promover a posição social da família. Mas a lista de testemunhas, repleta de muitos nomes da Judéia, sugere que um judeu era um dos parceiros do casamento.
Com a reconstrução de sua árvore genealógica, a identidade da noiva como uma judia, uma sobrinha do comerciante real Ai-Yama mencionada acima, está confirmada. Seu noivo, Guzanu, pertencia a uma elite, embora não a mais proeminente, família, o clã babilônico Arurru ("Miller"). O pequeno tamanho do dote da noiva, consistindo apenas de um shekel de jóias, uma cama, uma mesa e cinco cadeiras, uma taça e um prato, poderia sugerir que sua família não era particularmente rica, mas a capital social da família dela. O status de mercadores reais fez dela uma noiva desejável. [36] Os detalhes deste casamento deixam claro que os judeus poderiam ser integrados nas estruturas familiares e sociais da sociedade babilônica.
Inferências de documentos
Não temos textos que narram a experiência dos judeus na Babilônia após o exílio, nem a arqueologia descobriu nenhum documento escrito em hebraico desse período. Essa falta de documentação limita nossa capacidade de traçar um quadro abrangente das vidas pessoais dos judeus que vivem na Babilônia e da comunidade como um todo.
Mesmo assim, as informações preservadas em fontes cuneiformes oferecem detalhes que iluminam muitos aspectos de sua experiência e nos permitem vislumbrar trechos das vidas de judeus individuais na Babilônia, seus nomes, suas interações comerciais com funcionários e comerciantes e até mesmo seus casamentos. Como a evidência das fontes cuneiformes demonstra, a sombria representação de Lamentações da desolação dos judeus na Babilônia deve ser temperada contra a imagem de Jeremias de suas experiências, normal e próspera em muitas áreas da vida.
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Dra. Laurie Pearce é docente em acadiano no Departamento de Estudos do Oriente Próximo, Universidade da Califórnia, Berkeley. Ela ganhou seu MA (1979) e Ph.D. (1982) no departamento de Línguas e Literaturas do Oriente Próximo, Universidade de Yale. Entre os artigos de Pearce estão “À Procura de Judeus no Núcleo e Periferia da Babilônia” em Centros e Periféricos no Período do Segundo Templo , “Fontes Cuneiformes para Judeus na Babilônia nos Períodos Neo-Babilônico e Achaemenid: Uma Visão Geral” ( Religião Bússola ). Ela é a autora (com Cornelia Wunsch) de Documents of Judean Exiles e West Semites em Babylonia na coleção de David Sofer .